domingo, outubro 22, 2006

Tenho em mim a Saudade...

Vaga, no azul amplo solta,
Vai uma nuvem errando.
O meu passado não volta.
Não é o que estou chorando.
O que choro é diferente.

Entra mais na alma da alma.
Mas como, no céu sem gente,
A nuvem flutua calma.
E isto lembra uma tristeza

E a lembrança é que entristece,
Dou à saudade a riqueza
De emoção que a hora tece.
Mas, em verdade, o que chora

Na minha amarga ansiedade
Mais alto que a nuvem mora,
Está para além da saudade.
Não sei o que é nem consinto

À alma que o saiba bem.
Visto da dor com que minto
Dor que a minha alma tem.

Em homenagem a Pessoa e a todos aqueles que amo e que estão sempre no meu coração.

2 comentários:

Anónimo disse...

"Estou aqui construindo o novo dia
com uma expressão tão branda e descuidada
que dir-se-ia
não estar fazendo nada.
E, contudo, estou aqui construindo o novo dia.

Porque o dia constrói-se; não se espera.
Não é sol que deflagre num improviso de luz.
É um orfeão de vozes surdas, um arfar de troncos nus,
o erguer, a uma só voz, dos remos da galera.
Cantando entre os dentes
um refrão anidro
abro linhas quentes
com um escopro de vidro.
Abro linhas quentes
sem tremer a mão,
com um escopro de vidro
de alta precisão."

António Gedeão

Um poema por outro poema, "Na segura certeza de que mal não te faz e pode acontecer que te dê paz..." (Miguel Torga)

Saudades...

Sara

Anónimo disse...

Poema com poema se paga.

Deus fez a noite com o teu olhar,
Deus fez as ondas com os teus cabelos;
Com a tua coragem fez castelos,
Que pos,como defesa,a beira-mar

Com um sorriso teu, fez o luar
(Que e sorriso de noite, ao viandante)
E eu que andava pelo mundo,errante
Ja nao ando perdido em alto-mar

Do Ceu de Portugal fez a tua alma!
E ao ver-te assim, tao pura e calma
Da minha noite,eu fiz Claridade.

O meu anjo de luz e esperanca,
Sera,em ti afinal que descansa
O triste fim da minha mocidade...

António Nobre

e outro "poeta" António continua...


Mas...como velhos sao os trapos,
E para que a minha vivencia continue fraterna,
Basta-me o teu Amor em pequenos hiatos,
E a minha mocidade, se tu quiseres sera eterna...

ajsl